Antes de ler o livro "Essencialismo", do Greg McKeown, eu achava que dizer sim para todas as oportunidades era o caminho mais certo para o sucesso. Então eu percebi como estava errada. A imagem a seguir explica bem a diferença entre o caminho do essencialista e do não essencialista:

A pessoa da imagem a esquerda investe sua energia em várias atividades, por isso, tem um avanço mínimo em diversas direções. Já a pessoa da direita foca em uma atividade específica. O resultado é que, ao investir em menos coisas, alcançamos um avanço significativo no que mais importa.
É fácil perceber como a nossa sociedade é formada por pessoas não essencialistas. A palavra prioridade deveria significar a coisa mais importante, mas pluralizamos o termo e agora dizemos: "as minhas prioridades". Temos várias primeiras coisas.
Eu gosto de uma analogia do autor e palestrante Seth Godin, envolvendo o pica-pau. Se ele bicar 20 vezes em mil árvores diferentes, não chegará a lugar algum, mas se manterá ocupado. Ou ele pode bicar 20 mil vezes na mesma árvore e conseguir seu jantar. O pica-pau é um belo exemplo de como um essencialista age.
Por que o não essencialista está em toda parte?
Um dos motivos, apontado por Greg McKeown, é que temos opções demais. Quanto mais escolhas somos forçados a fazer, mais a qualidade das decisões se deteriora — é o que os psicólogos chamam de fadiga decisória.
"Daqui a algumas centenas de anos, quando a história do nosso tempo for escrita de um ponto de vista de longo prazo, é provável que, para os historiadores, o acontecimento mais transformador não seja a tecnologia, a internet nem o comércio eletrônico. Será a mudança sem precedentes da condição humana. Pela primeira vez um número substancial e crescente de pessoas têm opção e a sociedade está totalmente despreparada para lidar com isso". - Peter Drucker
É por esse motivo que grandes líderes e CEOs, como o ex-presidente Barack Obama e Mark Zuckerberg usam a mesma roupa todos os dias. Ao reduzirem a tomada de decisões insignificantes, o cérebro guarda mais energia para as escolhas importantes.

Então como se tornar um Essencialista?
No livro, Greg McKeown apresenta o método de Explorar, Eliminar e Executar.
Explorar
O primeiro passo é refletir bastante sobre as suas opções. Essencialistas exploram mais possibilidades no começo para se assegurar de que escolherão a melhor depois. Você precisa se dar espaço para ler, pesquisar e se conhecer melhor.
Escrever em um diário é um hábito que tem me ajudado muito a entender meus pensamentos — não subestime o valor de tirar as coisas da sua cabeça e colocar no papel.
Outro hábito — dessa vez um que eu risquei da minha rotina — é abrir o email na primeira hora do dia. Ao invés disso, reservo um tempo para ler ou consumir algum tipo de conteúdo que me inspira. Se ao abrir os olhos, você logo se depara com várias decisões importantes para tomar, no meio do dia a sua capacidade mental para fazer escolhas já estará comprometida.
Eliminar
O passo mais difícil, com certeza, é excluir as muitas coisas triviais da nossa vida. Não é só no âmbito profissional que é difícil eliminar tarefas, mas também na vida pessoal. Dizer não a alguém, muitas vezes, irá contra as expectativas sociais, mas quando abandonamos nosso direito de escolher, lembre-se: os outros escolhem por nós.
Além disso, um não claro pode ser mais gentil do que um sim vago ou sem compromisso. Por exemplo, quando você aceita um convite para sair com alguém e na última hora tem que cancelar. Seria melhor ter negado o convite logo no começo.
"Um sim, sem certeza é um não, com certeza".
É claro que essa frase é radical. Vai ter momentos que você vai precisar estudar a questão por algum tempo para decidir. Ou ainda, quando fica entre duas opções. Para isso, existem algumas técnicas que auxiliam na qualidade da sua decisão:
Fazer uma lista de prós e contras
Dormir antes de tomar uma grande decisão — vários estudos apontam a importância de uma boa noite de sono para o cérebro.
Esperar entre 20-60 minutos antes de fazer uma escolha — quando não há tempo para dormir, dê um tempo para o seu cérebro avaliar a questão e todas as formas como ela vai afetar você.
Executar
Você pode achar que se tornou um Essencialista depois que explorou as suas opções e eliminou todas as coisas não essenciais, mas a execução pode ser desanimadora.
Visualize esse cenário: você decidiu abrir uma empresa que tem tudo para dar certo, mas os resultados não começarão a aparecer em menos de cinco anos. Você desanima no meio do caminho.
Quando entra no vão, descrito por Seth Godin no livro "O Melhor do Mundo — saiba quando insistir e quando desistir", muitos desistem. E talvez seja melhor mesmo, se a recompensa não vale todo o seu esforço. Mas se você realizou bem a tarefa de Explorar, no início do processo do Essencialista, sabe que vale a pena insistir nesse projeto.
Então como passar pelo vão? Crie pequenas vitórias, ao invés de forçar um grande vitória. Se o seu projeto só dará resultados a longo prazo, é importante dividi-lo em várias etapas, assim cada vez que você completa uma, se sentirá vitorioso.
A rotina é uma boa ferramenta para remover obstáculos. Sem ela, a atração das distrações não essenciais nos domina. Se criamos uma rotina, começamos a executar ela no piloto automático.
Quase 40% das nossas escolhas são profundamente inconscientes e assim podemos desenvolver habilidades que se tornam instintivas. Mas é bom tomar cuidado para não desenvolver rotinas com hábitos não essenciais.
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